março 20, 2018

Beja (Baixo Alentejo) Merece +++

Já há umas cadeiras.

Ali no reino das certezas.

Bastante incomodadas com a tendência “viral” que este movimento está a gerar.

Os traseiros remexem-se.

Há desconforto, há vozes por detrás das portas fechadas.

Gargantas apertadas, olhos que se escondem, mas que para lá das cortinas estão espectantes.

Boas notícias.

Tudo boas notícias.

Alías, o poeta imortalizou que o importante é o desassossego de estar vivo.

Só as estátuas é que conseguem imortalizar um instante para a eternidade.

Tudo Passado, sem futuro: morto!

O Beja merece + já deixou de causar risinhos cínicos.

O Beja merece + saltou por cima dos ombros dos homens de bota alta.

Saltou por cima dos gravatistas, dos perfumistas, dos bem falantes, dos malabaristas.

Beja merece + está muito acima.

Isso incomoda, escapa ao controlo, escapa ao formato, está “out of the box”.

O imenso Sul do Alentejo não se reduz a um subúrbio.

Não precisa de migalhas nem de esmolas de Lisboa.

Tem direitos por mérito próprio, e não se vende.

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Publicado por Charlie

http://peticaopublica.com/mobile/pview.aspx?pi=bejamerecemais

março 03, 2018

CP, o paradigma da implosão, ou a falta de Visão Estratégica e Integrada dos Políticos.

mapa das ligações ferroviárias em 1985
...este é dos que se pudesse encolhia-se todo para meter-se dentro do coco...

Existe uma forma de apanhar um inteligente macaco sem lhe desferir qualquer golpe, ou de usar sequer uma rede, ou zarabatana anestesiante.
Basta tão só privá-lo da mais simples noção de prioridades posto diante do império da gula.
Num coco vazio abre-se um pequeno furo por onde se prende o coco a uma árvore através de um forte arame. Na face oposta faz-se outro furo, desta feita um pouco maior de forma a caber lá uma mão se os dedos estiverem todos esticados. Por fim põe-se uma guloseima  no interior do coco e espera-se que o macaco descubra o tesouro.
O que se segue é dramático e hilariante ao mesmo tempo. O macaco, desejoso , mete a mão no orifício, apanha a guloseima. Só que agora, a mão fechada não passa pelo buraco. Ele esperneia, desespera, grita, puxa... mas nem por um instante  tem a lembrança simples que apenas consistiria em abrir a mão e sair daquele filme onde fatalmente, depois de exausto, é capturado.

A saga da aventura ferroviária em Portugal passa por algo que a história do macaco preso pela gula metaforiza na perfeição.
Se atendermos aos mapas de caminhos de ferro num intervalo de tempo de cinquenta anos poderemos ver como a par do incremento das rodovias, as ligações por comboio foram sucessivamente desaparecendo.
mapa actual ferroviário
Longe de uma política de complementaridade dos diversos meios de transporte, as forças dominantes, presas por uma espécie de deslumbramento de novo-rico, tudo apostaram nas rodovias, descurando as necessidades das populações, o valor económico global dos meios ferroviários face ao meio de transporte rodoviários.
Porque sim, dão prejuízo, mas muito menos do que a factura da importação de combustível para o carros.
Está-se agora no ponto da mão agarrada ao doce: o desenvolvimento económico exige desde há anos um investimento contínuo  na forma mas barata de transporte.
A falta deste obriga ao abuso da rodovia, muito menos económico, obrigando a grandes importações de combustível. Sem querer largar mão da rodovia, onde nos estradas mais interiores também já deixou de investir, é preciso agora e de forma imperiosa investir muito mais na ferrovia. O resultado é a concentração de alguns investimentos e o descurar ainda mais das urgentes intervenções, algumas aguardando já décadas.
O macaco cansado não larga a presa que o prende.
Pior é que este é dos que se pudesse encolhia-se todo para meter-se dentro do coco.
Encolhia-se todo, implodia. E temos assim um país à boleia da implosão, cada vez mais litoral e concentrado, receita para o desastre.
O que alguém quis fazer em tempos foi considerado um "despesismo". E continuamos assim, presos aos macacos...

Publicado por Charlie