outubro 18, 2016

Relógios assassinos: cientistas contabilizam os custos económicos e de saúde de mudar a hora


Minha tradução livre e pessoal do artigo «Killer clocks: Scientists count the health and economic costs of changing the time», um artigo de Herbert Vytiska para a EurActiv.

Estamos outra vez num daqueles momentos de cada ano, em que os europeus coçam a cabeça e se questionam se os relógios irão avançar ou recuar uma hora. Mais uma vez, os especialistas questionam a justificação para esta prática.
Durante bastante tempo, os críticos têm tentado provar que a mudança do tempo já não é útil. E agora recorrem à ciência para tentarem provar o seu ponto de vista.
Turquia não vai mais mudar os seus relógios e vai continuar a praticar o horário de verão no inverno. Isso significa que, quem viaja para Istambul a partir da Europa Ocidental, terá que adiantar os seus relógios duas horas em vez de uma.
Numa conferência em Bruxelas, Russell Foster, professor de neurociência na Universidade de Oxford, e Till Roenneberg, professor de psicologia médica da Universidade de Munique, apresentaram as suas descobertas sobre como mudar os relógios afecta os padrões de sono.
A conclusão foi contundente: atrasar os relógios não traz economia de energia, tem riscos significativos para a saúde e acarreta um elevado custo para a economia.
Os cientistas não adoçam as suas palavras e tentam provar que a mudança da hora tem um efeito dramático sobre as funções físicas e mentais, por mexer com os nossos relógios biológicos. As crianças e os idosos levam semanas até superarem os efeitos da mudança. Além disso, foram registados um aumento em acidentes de trânsito e complicações em cirurgias.
Além dos efeitos nocivos sobre a saúde das pessoas, a economia também sofre. Os especialistas calculam que a mudança bianual custa à UE entre 1% e 2% do seu PIB, sendo esse custo, na sua maioria, directamente ligado aos problemas de saúde listados acima. Isto significa que quase € 300 mil milhões são perdidos todos os anos.
O Austríaco Heinz Becker, deputado do Parlamento Europeu, viu o suficiente nos dados científicos para convidar a Comissão Europeia a "finalmente tomar medidas" e pôr fim a uma prática que "só faz mal". Além disso, ele apelou a Violeta Bulc, a Comissária que ele considera responsável pela matéria, para parar de se recusar a avaliar os riscos da mudança da hora.
O extinto Império Alemão foi o primeiro país a implementar o horário de verão, em 1916. 
Este tem sido sempre um assunto controverso. A maioria dos retalhistas e dos praticantes de desportos são a favor, pois permite-lhes aproveitar a luz do sol depois do trabalho. Mas os agricultores não têm sido sempre fãs deste procedimento.

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