julho 02, 2015

da Grécia a Portugal sobra-nos mar

- Já cá se sabe que um poema não muda nada, é como respirar, que pouco muda. No entanto, por isso vivemos e somos. E dos nossos «governantes» nem direi que envergonham, pois estaria a gerir expectativas que nem tenho. Antes mesmo de saber, então, qual o resultado do próximo referendo na Grécia, aqui deixo o meu voto: 

da Grécia a Portugal sobra-nos mar
entre extremos de uma Europa perturbada
e se Homero fez divino o ser humano
já Camões diz da pátria sua amada

esse mar que nos une e acrescenta
que é helénico e também é lusitano
e que pode ser de glória a mais violenta
um abraço que é de Sol – um tudo ou nada

já o Zeus do Olimpo brande o raio
Endovélico – ar e fogo – vem à liça
que um povo não se fez p’ra ser lacaio
de quem vive da usura e da injustiça

mesmo quando em seu seio a vil traição
mascarada e vil e vil e mascarada
nos disser que há mais ventos de feição
que nos honre a nossa voz – gume de espada –

decepando as mentiras mais hediondas
chegará de Pérgamo a tempestade
ou de Sagres no ribombo de altas ondas
o mar alto onde vive a liberdade.

- Jorge Castro
02 de Julho de 2015

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