abril 24, 2015

Desculpem se perguntar ofende.


Onde está o POVO que há 41 anos gritava, no dia de amanhã, as palavras Liberdade, Paz, Pão, Saúde, Habitação?
Está por aí, de olhos tristes, pensando que de nada lhe serve a liberdade se não tem pão, habitação nem saúde. Perguntem ao sem-abrigo se sente falta de liberdade: "Ó amigo, liberdade tenho eu de sobra. Nem as paredes ou teto de uma casa me prendem. Tomara eu ser prisioneiro diário de uma casa a que chamasse minha!" Perguntem ao desempregado, ao que vive abaixo do limiar de pobreza: "Eu sou livre de não comer; o que eu queria era pão!" Perguntem ao que espera nas filas do hospital: "Eu sou livre de ir embora porque nunca mais me atendem. O que eu queria mesmo era ter saúde".
Quem não tem saúde, não tem pão e não tem habitação não pode ter Paz. E quando não se tem paz não há Liberdade que nos valha. Ou melhor, até nos dão liberdade demasiada, tanta, tanta como o dono de um rafeiro que o abandona na berma da estrada quando vai de férias para o Algarve e lhe grita: vai, és livre.

3 comentários:

  1. ~ ~ ~ Lamento não concordar consigo...

    ~ É certíssimo que não se conquistaram todas as liberdades e que
    se perderam ideais humanistas que incentivaram a revolução.

    ~ Mas é bom que se celebre o que se ganhou, como incentivo para
    a realização do que falta concretizar...

    ~ Nunca esqueça que ganhou a liberdade de escrever o texto que
    publicou, coisa que nunca faria durante a ditadura.

    ~ Nunca olvide que os pobres, estavam desamparados, poderiam
    ter direito a uma sopa, mas nunca, jamais, podiam protestar.

    ~~~~~~ Abraço amigo.~~~~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  2. Eu concordo.
    E hoje, a passear pelo "25 de Abril da Baixa de Coimbra", quando havia muitos grupos de crianças e adolescentes a tocarem, a cantarem, a dançarem, a mostrarem habilidades em várias áreas... passou um velhote que desabafou: "Deviam era pôr estas crianças todas a trabalhar!"

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  3. Caro Majo, o meu texto é um alerta para o valor máximo que se pode perder, o valor da Liberdade, quando os líderes falham drasticamente na promoção de outras coisas fundamentais que nos deixem conscientes para gritarmos a felicidade dessa liberdade. Por isso estamos de acordo. O medo que sinto é que ao serem sonegadas coisas tão simples como a saúde, a educação, uma casa e pão na mesa, o povo abdique da liberdade conquistada e siga em rebanho alguém que lhes acene com essas coisas que suprem as necessidades do imediato. Ou seja, troca-se um ideal pelo material e é assim que as ditaduras vão aparecendo. Por isso a ironia triste e amarga do meu texto ao dizer que a liberdade não se come, não nos cobre e não dá saúde...eu não o penso, mas ouço-o amiúde, e fico triste.

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