abril 30, 2015

perguntinha inconsequente...

Há uma mãe, em Baltimore, que assentou uma mão-cheia de lapadas no filho, apanhado em flagrante de manifestação contra a polícia norte-americana, por uma causa que ele, o filho, terá considerado justa.

Assim, para as primeiras impressões, a mim isto parece-me uma manifestação ditatorial ou arbitrária contra o elementar direito à opinião... 

Mas os bem-pensantes apressaram-se a arvorá-la - à mãe, claro - em heroína de ocasião, paladina de qualquer coisa indizível, com o seu fogacho de celebridade. 

Ocorre-me perguntar: noutro contexto, aquela «punição» não seria considerada agressão na via pública, ainda para mais sobre um menor...?

Estranho mundo este... É que ele há sempre outro modo de ver, o que é uma chatice...

«Sabe porque muda a hora? Esta história tem barbas» - artigo do Observador

Recomendo a leitura deste artigo, bastante completo, sobre a mudança da hora.


Alguns excertos:

Será que uma medida implementada em 1916 para poupar carvão ainda faz sentido?

O nome oficial é “Daylight Savings Time” (DST). Foi pensado para poupar velas (1784), protagonista das duas Grandes Guerras, foi apoiado numa fase inicial por Winston Churchill e motivo de chacota em Espanha. Acabaria por ser recuperado depois da crise do petróleo de 1973 e por transformar-se em diretiva europeia em 1981.

Estamos em 2015, certo? Existem lâmpadas de baixo consumo, os computadores estão ligados o dia todo, seja para trabalhar ou para ver Homeland, House of Cards ou Downton Abbey; existe o ar condicionado, as empresas laboram a todas as horas. Estamos sempre ligados à corrente. Os tempos mudaram.

Há estudos para todos os gostos. Uns dizem que existe apenas uma poupança de energia de 1%, outros falam até 10%. Depois há aqueles que sugerem que há menos acidentes no trânsito e que o crime diminui. As consequências na saúde também são esmiuçadas. A Universidade do Alabama descobriu, em 2012, que há um aumento de 10% de ataques cardíacos na segunda e terça-feira após avanço da hora. Já quando se atrasa a hora, no outono, não foi registada qualquer oscilação nos números referentes a ataques de coração.

Os mais afetados serão as crianças, diz a revista brasileira Crescer. Embora pareça pouco tempo, o da adaptação, os mais pequenos podem ficar mais preguiçosos na semana seguinte. O relógio biológico é mais lento e exige habituação.

Não abundam os estudos sobre a temática em Portugal, por isso abordemos um de 2007, elaborado pela Netsonda, a pedido da Philips. Mais de 75% dos portugueses — falamos apenas de uma amostra de 885 pessoas, entre os 18 e 55 anos — concorda com a mudança de hora como medida positiva ambiental de poupança de energia, embora a mesma afecte negativamente um terço deles, pode ler-se no relatório. Os inquiridos queixaram-se de que a mudança de hora oferece alguns efeitos negativos: alterações do sono, irritabilidade, mau humor, sonolência e cansaço. São necessários três dias em média para as pessoas se habituarem à ideia.

Em 19 de janeiro de 2001, o Conselho e o Parlamento Europeu adotaram conjuntamente a diretiva respeitante à hora de verão. O artigo 5.º da diretiva previa que a Comissão apresente ao Parlamento Europeu, ao Conselho e ao Comité Económico e Social um relatório sobre a incidência das disposições da diretiva nos setores relevantes. O artigo 5.º prevê igualmente que o relatório seja elaborado com base nas informações comunicadas à Comissão por cada Estado-Membro. Aconteceu em 2007.

Segundo [este] relatório, nenhum Estado-membro solicitou a modificação do atual regime. Pelo contrário, sublinharam a importância da harmonização do calendário da hora de verão na União Europeia, lembrando a questão dos transportes. Só a Bélgica apelou a que, caso houvesse mudanças, que se passasse a usar sempre o horário de verão. Quanto ao turismo, a Letónia, por exemplo, afirmou que a hora de verão tem um impacto positivo. Já a Itália referiu então que os setores da construção e agricultura saem beneficiados com a hora de verão, nomeadamente no sul do país, que sentem menos calor de manhã.

Em 2011 eram 110 os países que mudavam a hora duas vezes por ano. Só havia uma exceção na Europa: Islândia. Os russos preferiram não adotar também o DST porque estudos terão concluído que a hora de inverno deixava o povo deprimido, contribuindo para um aumento da taxa de suicídios. Dmitri Medveded, o então presidente russo, afirmou no início de 2011 que o país viveria sempre no horário de verão.

Já os Estados Unidos começam a perder o encanto com esta medida que adotaram primeiramente em 1917, contou o Washington Post, a 17 de outubro. Os estados do Arizona e Havai não mudam os ponteiros do relógio durante o ano. Mas a shortlist poderá não ficar por aqui. O Utah poderá ir pelo mesmo caminho, pelo menos é o que propõe o deputado Lee Perry e o Senador Aaron Osmand. Os dois legisladores querem acabar com o Daylight Saving Time ou organizar um referendo. Segundo Perry, 62% de 30 mil inquiridos querem derrubar a atual modalidade.

abril 26, 2015

«animais» - bagaço amarelo

Existem algumas pessoas, felizmente muitas, que defendem os animais com o argumento que se encerra nos próprios animais, isto é, defendem o direito dos animais porque consideram que eles têm o direito a uma vida digna e com o mínimo possível de sofrimento.
Eu concordo com estas pessoas e com estes argumentos, mas o meu argumento principal em defesa dos animais é diferente, porque tem o próprio Homem por trás. Considero que quando um Homem trata mal um animal perde um pouco de humanidade. Enfim, é uma vergonha para a espécie. Para quem se estiver a perguntar, sim, considero que é o caso dos toureiros e de quem defende a tauromaquia. Para mim não são pessoas, são uma imitação barata de pessoas.
Não estamos aqui a falar apenas de emoções (mas também, claro). Estamos a falar de ciência, ou melhor, neurociência e neuropsicologia. Eu sou um ignorante em ambas porque ambas ultrapassam em muito o empirismo, mas sei o suficiente para perceber que a estrutura nervosa de um gato, de um cão ou de um touro lhe "permite" sofrer física e emocionalmente. Simplificando, eu sei que se der um pontapé num cão, ele vai sofrer pela dor física e também pela dor emocional. A minha resposta é fácil: não dou pontapés em cães.
É a partir daí que defendo os animais para defender o Homem. Custa-me ver um indivíduo da minha espécie descer ao nível mais reles que o mundo possibilita, que é esse de fazer outro ser sofrer em nome de coisa nenhuma. É o caso de todos os toureiros, pelos quais sinto imensa vergonha alheia. Enfim, posso chamar-lhes todos os nomes, menos o de animais, porque os animais são melhores do que eles.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

preocupações de Abril


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abril 25, 2015

conhecido político...

propõe solução para acabar de vez com a tragédia no mediterrâneo...

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abril 24, 2015

Desculpem se perguntar ofende.


Onde está o POVO que há 41 anos gritava, no dia de amanhã, as palavras Liberdade, Paz, Pão, Saúde, Habitação?
Está por aí, de olhos tristes, pensando que de nada lhe serve a liberdade se não tem pão, habitação nem saúde. Perguntem ao sem-abrigo se sente falta de liberdade: "Ó amigo, liberdade tenho eu de sobra. Nem as paredes ou teto de uma casa me prendem. Tomara eu ser prisioneiro diário de uma casa a que chamasse minha!" Perguntem ao desempregado, ao que vive abaixo do limiar de pobreza: "Eu sou livre de não comer; o que eu queria era pão!" Perguntem ao que espera nas filas do hospital: "Eu sou livre de ir embora porque nunca mais me atendem. O que eu queria mesmo era ter saúde".
Quem não tem saúde, não tem pão e não tem habitação não pode ter Paz. E quando não se tem paz não há Liberdade que nos valha. Ou melhor, até nos dão liberdade demasiada, tanta, tanta como o dono de um rafeiro que o abandona na berma da estrada quando vai de férias para o Algarve e lhe grita: vai, és livre.

Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor


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Mas é que é mesmo isto!



Um sábado qualquer...

abril 22, 2015

nova ilha emerge...

no mar mediterrâneo
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mediterrâneo

- sem saber, de todo, quanto vale a vida humana, 
qualquer que seja a cor, o credo ou a idade, 
sei melhor a lonjura da Utopia 
e vivo na amargura da vergonha.

entre a terra e a terra
fica o mar
e fica a sorte

entre o mar e a terra
fica o norte
e fica a morte dos sem sorte
dos sem terra

entre o norte e a morte
fica a sorte
e à sorte fica a guerra
e os sem terra
no desterro
pelo erro
de viver que a morte encerra  

e há um mar imenso
e o consenso sem conteúdo
e há um grito incontido
um bramido
que não é do mar
mas é de tudo

de tudo o que não vemos
nem sabemos
mas acima de tudo
acontecer
o nem querermos saber
que a cor do mar
é por vezes tão vermelha
quanto valha
por se querer chegar ao norte
e assim morrer.


- Jorge Castro

abril 20, 2015

problemas na TAP...

descubra as diferenças
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diga lá outra vez...?!?

Parece que andam a exigir a mulheres que trabalham e que se encontram em período de aleitação que provem tal acto providenciando um esguicho mamário na presença do inquiridor... Para cúmulo, parece que a coisa está a acontecer com enfermeiras e em Hospitais civis.

Antes de mais nada e antes até que os «nervos» me destrambelhem o juízo e a pouca paciência, aconselha-se uma vista de olhos aqui: http://sabiasque.pt/codigo-do-trabalho/1128-codigo-do-trabalho-artigo-47-dispensa-para-amamentacao-ou-aleitacao.html.

Isto é tão mau, mas tão mauzinho, mesmo, que não me ocorre nada de muito inteligente que ultrapasse o âmbito do varapau imediatamente assente nos chanfalhos do energúmeno que se prontifica a tal arbitrariedade.

Em alternativa, ocorre-me deixar aqui uma sugestão às vítimas desta atitude nazi - sim, sim, é nazi!

- Manifestem total aquiescência mas com uma ou duas muito legítimas exigências prévias, a saber: a presença de uma autoridade (o que é perfeitamente legal), a presença do marido (quando o houver), a presença do seu advogado e do responsável pela instituição e a exigência liminar de imediata redacção de relatório circunstancial que ateste:

a) a responsabilidade pela execução de tal exigência por parte do «examinador», com atestado anexo acerca da sua sanidade mental;

b) o resultado da «análise» efectuada, para os devidos e imediatos efeitos, porquanto o acto de amamentar, se a memória não me atraiçoa, é diário.

Tenho cá para mim que, nestas circunstâncias, cada um dos nazis envolvidos pensaria duas vezes antes de dar seguimento à «diligência», não acham?   

Vá lá, mulheres! Mostrem-nos o que valem, carais!

post scriptum - Claro que as situações que vieram a lume ultrapassarão o tal primeiro ano de vida do lactente e, como tal, sujeitas a confirmação clínica para manutenção de situação. Agora, assim...?

O que me preocupa é tão-só o facto costumeiro de sempre que ocorre uma suspeita de aproveitamento indevido de um qualquer direito de cidadania - o que é uma chaga social, em Portugal -, logo sair um «regulamento» que penaliza o justo em vez do pecador.  E isso apenas ocorre porque o Estado se demite da sua função reguladora e disciplinadora que lhe é intrinsecamente devida.

Enfim, imaginemos o conceito do «espremer as mamas» extensivo a outras práticas e a outras zonas anatómicas, sempre que ocorrer suspeita de prevaricação...

Claro que tudo isto se deve inserir no grandessíssimo apoio à natalidade de que este governo também tem vindo a dar provas.



  

abril 18, 2015

«Os nossos governos estão cheios de Jics» - bagaço amarelo

Por definição, sou contra os homens que não são contra nada. Existe uma raça de homens no nosso país que chamo de Jics. São aqueles que, surja que tema surgir numa conversa, antes de emitir opinião dizem que não têm nada contra. Querem estar bem com todos, mesmo que todos estejam mal com eles, e em nome desse bem estar abdicam da sua própria afirmação.
Estar bem com todos pode dar jeito no futuro, porque assim ninguém lhes aponta o dedo. A quem não tem opinião, ninguém acusa de a ter ou de ter tido. Por isso, just in case, não são contra nada. É daí que vem a alcunha de Jic.
O grande problema dos Jics é a palavra "mas", que os trai a cada conversa e a cada momento. Eu não tenho nada contra os homossexuais, mas...; eu não tenho nada contra os comunistas, mas...; eu não tenho nada contra as tatuagens, mas...; o "mas" é a palavra que morde pela calada.
"Não ter nada contra, mas..." é uma característica de género e, já agora, também portuguesa. É dos homens portugueses, pronto. É ela o grande denominador comum da nossa querida classe política (aquela que pertence à esfera do poder, pelo menos), contra a qual não tenho nada contra, mas que só faz merda, lá isso é verdade.
Os nossos governos estão cheios de Jics.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

abril 17, 2015

novo cantar da emigração

... porventura sempre igual ao que sempre foi e que nos cansa de tanto ser...

Novo cantar da emigração

refrão

parto em busco do horizonte
quero viver outro dia
bebo a vida dessa fonte
de onde brota a utopia


parto a caminho da noite
levo comigo a saudade
envolta no pano cru
tecido pelos meus pais

deixei a esperança tão longe
no alto daquele montado
onde a casa sitiada
vê os campos sem destino e o mar do nunca mais

vou a caminho do mundo
levo os olhos no futuro
solto amarras da cidade
que me tolhem junto ao cais

e sei tão pouco da vida
sei tão pouco da aventura
que as lágrimas à despedida
são o medo do jamais

na bagagem levo sonhos
visto a roupa do abandono
no bolso levo amarguras
cansadas de tantos ais

da pátria perdi o rumo
da nação perdi o pé
já me perdi dos caminhos
virei talvez nunca mais

- Jorge Castro


abril 15, 2015

«Ainda bem que... (1)» - António Pimpão

Pouco depois de este governo tomar posse, levantou-se um burburinho na comunicação social pelo facto de o estado andar a pagar, sem controlo nem transparência, pingues subsídios a centenas de fundações, muitas delas desconhecidas, sem atividade visível e sem prestarem contas.
O governo fez então gala de querer pôr na ordem as fundações e ser rigoroso na atribuição a elas de dinheiros públicos. Esperava-se que a sua maior parte fosse extinta ou, pelo menos, que deixasse de ser subsidiada.
Recordo que, no trabalho preparatório de uma comissão criada para avaliar a situação, esta definiu critérios visando estabelecer uma ordenação das fundações e fornecer ao governo, a partir daí, as bases para quantificar os seus apoios, consoante o mérito, e para deixar de apoiar as menos meritórias (as mais mal classificadas).
A bondade desses critérios pode ser aquilatada pelo facto de a Fundação Calouste Gulbenkian ter sido classificada perto do centésimo lugar.
Apesar de as fundações se apresentarem como entidades beneficentes e desinteressadas, os interesses que gravitam à sua volta são tão fortes e terão exercido uma tal silenciosa pressão sobre o governo que - aparte o encerramento de uma ou outra e a divulgação pública de um ou outro caso, menor mas não menos escandaloso, de utilização da fundação para proveito próprio do seu instituidor -, acabaram por fazer subverter as propaladas intenções do governo nesta matéria, tendo a montanha acabado por parir um rato: as malhas foram alargadas e tudo continuou praticamente na mesma. Lembro também que se tratou de um assunto sobraçado por Paulo Portas.
Segundo esta notícia do Público, o tribunal de contas acaba de fazer uma auditoria a uma parte dos subsídios atribuídos às fundações por este governo e pelas autarquias e, num bolo analisado de 213,4 milhões de euros (que, note-se, é apenas uma parte do todo), 142,8 milhões (mais de metade) foram atribuídos irregularmente. Mais: parte dos subsídios atribuídos pelas autarquias foram-no a fundações com proposta de extinção. Afinal, não se extinguiram mas também ninguém ligou ao assunto!
Se queria saber para onde vão os seus impostos, tem aqui uma amostra.
Ainda bem que em boa hora o governo mexeu neste assunto das fundações, que a responsabilização pelos dinheiros públicos esbanjados não é palavra vã e que, consequentemente, as fundações incumpridoras vão ser chamadas a devolver as quantias pagas indevidamente e, quem autorizou, objeto de inquérito e responsabilização financeira pessoal. Querias?!

António Pimpão

abril 14, 2015

Por causa da árvore seca não vemos a floresta queimada.


Eu concedo que até pode ter sido um tanto ou quanto sensacionalista, a puxar para a lágrima fácil, mas a verdade é que a reportagem de ontem da TVI '1 hora e 35 minutos' sobre o estado da saúde nos hospitais públicos vem mostrar aquilo de que todos desconfiamos. O que é contraproducente é que a nossa raiva e incapacidade é, nesse momento, canalizada toda para essa área, a dos doentes desamparados numa urgência, dos idosos que morrem à espera de uma observação e não percebemos algo que é mais profundo. Nos últimos anos foram algumas árvores secas em riso de ruir (a educação, a justiça, a saúde, a justiça outra vez, a saúde, de novo) que nos fizeram olhar para o seu estado miserável e não reparámos que, afinal, toda a floresta está queimada e o país fede. Abjecta gente que à custa do 'não poder ser custe o que custar' nos levou até à margem sul do mediterrâneo, afundando-nos no pior do que existe no mundo subdesenvolvido. Apetece vomitar-lhes nos pés!

abril 06, 2015

Por que razão mudamos os relógios duas vezes por ano?

Stephen Fry - «the history of Daylight Saving Time» - BBC iWonder
Pequena animação (2 minutos e 11 segundos) sobre a mudança de hora (em inglês).

Direito à opinião

Gosto de Sampaio da Nóvoa. Sempre apreciei ouvi-lo, em qualquer fórum onde tive tal oportunidade. Muito longe, até, de ser candidato presidenciável. E, até, sem a noção ou necessidade de qualquer elemento prévio de comunhão de ideais.
                   
Claro que «gostar de ouvir alguém» na fase da vida em que me encontro é muito mais do que mera opinião formal. Trata-se de gostar de apurar cumplicidades, sim, mas a par da proposição de infinitos desafios. É, se quiserem, achar graça – no mais complexo significado do termo – ao que nos é exposto por uma miríade de razões onde, de súbito, nos descobrimos (pelo menos na aparência) muito próximos de alguém.

Gosto de Sampaio da Nóvoa exactamente por esse conjunto de razões que o afastam da tão desgastada fachada dos politiqueiros do costume e da nossa praça.

Já me dizem alguns que o que ele quer é tacho e, chegado ao poleiro, há-de ser igual aos demais… Pois será. Mas, até lá, convenhamos que nem todos fazem questão de pertencer à equipa dos ladrões ou traidores à pátria. Já ele corporiza algum manancial de esperança que me é útil como o ar que respiro. E que quase todos os demais proto-candidatos não contêm.

É, entretanto, um exercício de estilo curioso e não menos interessante ir apurando o que dele presumem tantos esclarecidíssimos opinadores da nossa praça. Marcelo, professor, foi nisso exímio, desde logo exercendo uma pressão estrondosa para o situar ou circunscrever, politicamente, ali algures entre os «radicais de esquerda», para que a sua candidatura pareça esgotar-se na abrangência desses mesmos sectores da nossa política nacional.

Esquecem todos eles que qualquer candidatura presidencial tem subjacente a noção de que se destina ao exercício de magistério em relação a todos os portugueses, coisa que o actual presidente não pratica, ignora ostensivamente e tem raiva a quem lho recorde.

Apontar como defeito o facto de Sampaio da Nóvoa não ser conhecido da maioria da população portuguesa – como se não tivesse já sido inventada a televisão – leva-nos a quê? À candidatura de Nossa Senhora de Fátima ou será antes à de Quim Barreiros, qualquer deles indubitavelmente melhor posicionados em termos de audiências?

Dizer-se, também, que tal candidatura não será viável sem o apoio explícito do PS também será de alguma perversidade, mesmo se admitirmos que a asserção é verdadeira. Pois que interessa isso ou que mais-valia transporta em si em prol da verticalidade do candidato?

E não conheço, na verdade, a Sampaio da Nóvoa filiação partidária de qualquer ordem. Mas isso será alguma doença? A cidadania não se esgota nos partidos, diz-se. E não há tantos locais e/ou profissões, ligadas a opções de vida, onde a cidadania é exercida de corpo inteiro? Então, em que ficamos…?

Preso por ter cão e preso por o não ter, isso sim é que me parece ser um estatuto em que Sampaio da Nóvoa não se enquadra nem se deixará cair. Por ser e saber ser, sem necessidade de muletas ou anteparas, que não sejam as de uma vida que é a sua.

Olhando para mim e apurando que há mais de quarenta anos não desenvolvo qualquer actividade de cariz partidário, venha de lá o primeiro a dizer-me que me falta estaleca opinativa ou desempenho cívico.

Enfim, sem conhecer muito bem a personagem, estou já a resvalar para o apoio sem condições a Sampaio da Nóvoa, é verdade. É verdade, sim, embora não seja democraticamente muito saudável…

Mas confesso que ouço e leio e vejo, danado, o esgravatar na lama por parte de tanto videirinho à cata de excremento argumentativo que lhe sustente a cupidez, que estou cada dia mais à vontade para assumir o lado da barricada onde me quero encontrar.  


abril 05, 2015

Páscoa...a passagem.

Olás...

Há dias para tudo nesta vida. Dia de Natal, Dia Internacional da Mulher, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia dos Namorados, Dia do Descobrimento do Brasil, Dia do Golpe Militar, Dia do Trabalhador. Tem até o Dia da Mentira. Dia do Amigo. Dia da Água. Dia do Planeta.  Sexta-feira Santa. Quarta-feira de cinzas. Dia de Fátima. Dia do Mestre,  Dia do Estudante, Dia do Advogado, Dia do Médico.

O dia a dia tem mais Dias de comemorações que possamos aqui elencá-los.

Hoje, como não poderia deixar de ser, mais um desses dias está sendo comemorado: O Domingo de Páscoa.

Que me perdoem os religiosos de todas as religiões, eu sou um tanto avessa às datas que por afora apregoam como dias dos mais festivos. Tudo cheira a marketing. As indústrias sempre ganhando com todo esse comércio.

Na verdade, o sentido de tudo isso não deveria requerer uma corrida desenfreada ao comércio para as compras de presentes, de ovos de chocolate, de coelhinhos enfeitando o caminho da criançada à procura dos tais ovinhos.

Se  Páscoa é a "passagem", a celebração do Jesus vivo, achamos mesmo que Jesus, aquele que saía pregando o Evangelho apenas com a roupa do corpo,  pregaria isso que assistimos hoje em dia?  

E o Dia do Mendigo, Dia do Doente, Dia do Deficiente, Dia do Pobre, Dia da Ingratidão, Dia da Injustiça? Isso tudo está presente no dia a dia de nossas vidas, e passamos por eles sem sequer nos darmos conta. 

Na Sexta-feira santa infiltraram em nossa cabeça que só devemos comer peixe. Carne vermelha, jamais. Seria um sacrilégio. Mas o que há, de fato, por detrás de tudo isso? O miserável que sequer tem um pedaço de pão para sustentar-se, ou a seus filhos, poderá escolher qual carne irá comer, quando lhe resta um resto de refeição que encontrou no lixo?

Para mim,  não só hoje, Domingo de Páscoa, mas todos os dias, deveríamos comemorar a "passagem". Sim, passagem para sempre sermos o melhor, com boas ações, amando o inimigo, porque, realmente, que virtude temos em amar os amigos e aqueles que nos amam?

A Sexta-feira Santa passou. Quem pôde, foi aos restaurantes comer o que há de melhor em peixes. Ótimo. Nada contra.

No sábado, para compensar, as churrascarias estavam lotadas e o tal jejum em nome da Paixão de Cristo já estava esquecida.

Alguém está lucrando com isso. As vendas multiplicam. E a mísera existência do Homem na Terra, nos demais dias do ano, sequer dedicam uma fração de tempo para pensar o quanto Ele suportou de dores...e o quanto nós não temos merecido o sacrifício.

Felizes Dias de Páscoa. Dias de Renascimentos. Dias melhores virão!

Mamãe Coruja