setembro 16, 2013

Three Gorges e a EDP, o império não paga a traidores.

... Depois do mal feito só a experiência do negativo pode contar como património da memória para evitar futuras ocorrências, e a isso se chama História...

O império não paga a traidores
Teria sido, segundo a lenda, outra a frase proferida pelo chefe Romano.
Quando os que assassinaram Viriato foram pedir a recompensa, foi com uma mão cheia de "Roma não paga a traidores" que regressaram ao silêncio dos seus lares
A História situa o acontecimento algures entre o Sec. II ou III precisando alguns a data no ano de 139 A.C. em que um bando de lusitanos teria perpetrado a venda do seu líder, matando-o em troca da promessa de alguns benefícios particulares.

Viriato pode não passar de uma lenda: seriam muitos os Viriatos a não aceitar a dominação estrangeira e a combatê-los com os meios que teriam à mão. A data, a pessoalização da vontade colectiva alocada a um ícone e assim mitificada é um fenómeno recorrente ao longo da História da Humanidade. Heróis e Deuses, Demónios e Traidores são referências universais e presentes em todas a culturas.

No caso em apreciação não são os ícones nem a figura particular que interessa mas sim a essência, o espírito que passa através do relato.
Sabemos que há uns figurões que enchem a boca de economês nas televisões e para quem História é uma maçada, Camilo Lourenço foi ainda recentemente um desses tristes protagonistas; estudar História seria segundo ele uma perda de tempo. Dada a estupidez que têm deixado transparecer, não sei se a privatização da nossa EDP teria corrido de outra forma se a equipa maravilha Passos/Gaspar/Relvas tivessem tido algum conhecimento histórico e nem falo de acontecimentos remotos, mas apenas recentes. Sorefame, Cimpor etc., são apenas alguns em que nada do acordado nos cadernos de salvaguarda de interesses foi cumprido. Ficou-se sem as empresas, sem as contrapartidas e sem o dinheiro do "encaixe" o qual desapareceu nos labirintos dos orçamentos de Estado.

No caso em apreciação, a "privatização" da EDP que na prática consistiu na passagem de uma empresa do sector público, para o sector público de outro país, nada do acordado foi cumprido.

A alienação da EDP aos Chineses teria como contrapartida o pagamento de 2600 milhões de €uro a que se juntaria todo um conjunto de apoios à economia Portuguesa. A construção da uma fábrica de turbinas eólicas seria apenas uma delas e que agora sabe-se que não irá ser levada por diante. Outros projectos no campo das energias renováveis, centro de investigação etc., também caíram e isto é apenas a pontinha do iceberg.

Do que está acontecendo nada transparece: eles estão caladinhos que nem uns ratos enquanto os chineses vão navegando, de vento em popa, nos negócios da energia que dantes nos pertenciam.

Escrevi na altura este post. É uma merda ter razão e de nada adianta o " eu não te dizia?" até pela simples razão da insignificância do escriba versus a pesporrência dos detentores do poder e o peso da enorme máquina posta em movimento.

Depois do mal feito só a experiência do negativo pode contar como património da memória para evitar futuras ocorrências, e a isso se chama História.

O Império não paga a traidores.
Que ao menos isto servisse como alerta para as TAP e os CTT, as última jóias da coroa, mas receio que depois desta gente que nos desgoverna sair de cena, nada mais reste do que o cenário depois dos incêndios, um panorama de terra queimada...

5 comentários:

  1. Até arrepia de tanta razão que tens!

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  2. Uma chatice da pós-modernidade é que o império PAGA aos traidores! E com língua de palmo. Por elementar arranjo: paga através daquilo que o povinho é chamado a pagar. Sem apelo nem agravo.

    Porque o povo é sereno. Porque o que se vislumbra é só fumaça. Porque tomates é apenas mero condimento culinário.

    É uma chatice. Mas é o que nos fizeram, o que nos fazem, o que vamos deixando que nos façam.

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    1. pois....
      O Império paga aos traidores com o pão que nos tira da boca, é verdade Orca. Do pão que nos falta lá deixam cair umas míseras migalhas com que os miseráveis se contentam.
      Mas sabes?
      Acho que quando não houver pão algum, teremos de nos fazer valer com os tomates que nos restam...

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  3. E agora, a mostrar como este governo vende-pátrias é completamente incompetente e anti patriótico, lá se foi mais uma grande empresa nacional a caminho dos interesses estrangeiros: A "ôi" engoliu a PT.
    E foi confrangedor ver a cara de banana da figura mais importante do Estado quando este ficou a saber do "negócio" pela boca de quem o recebia... na Suécia.
    Claro que por cá, os "bota-palavra" para estas ocasiões encheram os ouvidos dos telespectadores e rádio-ouvintes com a bondade da operação.
    Mega milhões, grandes investimentos, um público-alvo-cliente gigantesco, tudo coisas boas... op Big Boss fica o Português.(?) Zeinal Bava...só que a sede da PT é agora .... no Brasil...
    *Pois....

    Eu, estúpido e persistente, tenho a impressão de já ter visto este filme de mau gosto por mais de uma vez.
    Foi com a Sorefame. ( e mais uma dúzia pelo caminho)
    Foi com a recente Cimpor.
    Está a ser (não digam que não se nota) com a EDP
    E a PT tá já no papo....dos outros, claro.

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