outubro 11, 2012

A posta no Wikileaks pay per view


Wikileaks despertou paixões intensas no mundo inteiro, amores e ódios tão profundos que tiveram pelo menos o condão de expor às claras a aliança perigosa entre o poder político e o poder financeiro (veja-se o bloqueio bancário à organização, impedindo-a de recolher donativos, mais a actual condição de exilado de Assange).
Depressa a Wikileaks conquistou o apoio de outra organização semi-clandestina, os Anonymous, que igualmente pretende denunciar e mesmo boicotar a acção dos poderes que abusam, nomeadamente na luta pelo livre acesso à informação.
Há gente dos Anonymous detida por fornecer dados sensíveis à Wikileaks sob o pressuposto da divulgação pública e sem restrições dos mesmos.
E por isso, esta novidade no Wikileaks estourou como uma bomba e a cisão parece o menor dos problemas que a organização de Assange poderá enfrentar, tendo em conta as primeiras reacções dos seus parceiros que se afirmam traídos e não são conhecidos por se ficarem…

Como diz o povo, não havendo dinheiro não há palhaços. E a Wikileaks, por via do boicote acima referido e provavelmente também pela situação complicada do seu fundador, cedeu à tentação SCUT (na parte do utilizador pagador), escolheu uma forma radical (a paywall acima lincada) e nada consentânea com a moral da história como os Anonymous a pretendiam.
O dinheiro, uma das maiores ameaças como ambas as organizações o entendem, acaba assim por aterrar à bruta na sopa de quem protagoniza uma das maiores caldeiradas dos últimos anos e, curiosamente, torna-se pela sua falta num foco de divisão entre os que o atrapalham nas mais altas esferas da circulação monetária.

É frustrante, vista de fora, esta provável separação de esforços numa luta que continuará comum aos activistas de uma e outra organização.
Será claramente uma vitória para os (abusos de) poderes que combatem e cuja receita ganhadora passa também por dividir para reinar, mas é fácil de perceber como o pragmatismo (ou desespero de causa) da Wikileaks colide frontalmente com o espírito da coisa para os Anonymous.

Ou então é um problema de comunicação e aí recomenda-se ao Assange que contacte o Governo Português ou outro membro da liga dos eternamente incompreendidos mas sempre a abarrotar de boas intenções… 

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