setembro 09, 2012

A posta em mais do mesmo para os do costume


A pessoa ouve o Primeiro-Ministro explicar como nos vai ser gamado o pilim desta vez e vai tentando encontrar em todo aquele paleio uma justificação plausível para, com um ar muito sério de quem quer mesmo salvar o país, aquela criatura anunciar que mais de quatro mil milhões de euros vão ser desviados da classe trabalhadora enquanto uma parte substancial desse valor passa a ser somado aos lucros empresariais e, ainda assim, conseguirmos encontrar a réstia de esperança que estas marteladas sempre alimentam para uns tempos depois a pessoa ouvir o mesmo Primeiro-Ministro explicar como (a quem, já poucos se interrogam nesta altura) irá ser gamado mais pilim a bem da Nação porque é assim que tem que ser.

E a pessoa pensa nas cidades com ruas inteiras de lojas fechadas por falta de poder de compra da malta e fica a cismar que às tantas querem que a pessoa fique sem guito para pagar a conta da luz ou mesmo a renda/prestação da casa para sermos mesmo obrigados a ir para a rua gritar e poderem somar à culpa no cartório do endividamento excessivo e da vida acima das nossas possibilidades a da agitação social que muitos tentam fazer acreditar que está na origem da ainda pior situação dos gregos, ficando até lá entretidos a fazer aquilo que afinal se esperava do Governo: as contas às gorduras que, queiramos ou não e perante a escassez galopante de dinheiro para a própria comida, vão ser literalmente eliminadas.

3 comentários:

  1. O que mais me surpreende é esta aparente apatia do povinho.
    Lembro-me bem, pois a memória serve para isso, dos intermináveis linchamentos ao malfadado anterior P.M. Era jornais, telejornais, a toda a hora a bater no ceguinho, era os professores, os juízes, os que não eram professores nem juízes a dar aulas e sentenças sobre o "mentiroso" do Sócrates.
    Agora, perante um indivíduo que apresenta a mais confrangedora falta de ideias, de iniciativas que não sejam o desfilar e aplicar da cartilha neoliberal, ninguém diz coisa alguma. Nâo que eu creio que o Passos seja má pessoa, o mesmo não posso dizer do colega herbáceo, erva ruím e velhaca, todo ele truculento, mentiroso e enleado em processos escuros.
    O Passos, não é mau, é apenas e lamentavelmente estúpido. Daquela estupidez confrangedoramente ingénua. Está sinceramente convencido de que a solução é o desemprego. -Há-de chegar um ponto onde as pessoas irão trabalhar por uma meia tijela de açorda, (já que de levar com arroz andamos fartos) e prescindir dessas coisas que só encarecem o produto, como ordenados de jeitos e algumas regalias. Então, diz ele, com o custo do trabalho pulverizado e reduzido à cifra fraccionada abaixo de 1%, as exportações irão ficar competitivas e o país irá sair da crise, levado pelas mãos messiâncias da livre iniciativa....
    *****
    E perante esta estratégia clara que irá tranformar o País numa imensa favela pontilhada de condomínios de luxo e hipermercados, o que faz o rato, digo o cidadão??? Anda tudo parvo, desiludido, ou apenas com peso na consciência. É que à custa de nos andarem a dizer que andamos a viver acima das nossas possibilidades, acabamos por acreditar de que é verdade sim senhor: - Desculpem lá Troika credora de eu não conseguir pagar os juros de 50% relativos à vossa "ajuda" e tomem a minha casa, o meu carro, a minha lojinha, as parcas poupanças, os sapatos e as cuecas.
    Como??? Não chega? Ainda fico devendo- não-sei-quantos-milhões?
    Pois... é que agora já não sei como pagar.. Ah, sei? Digam como que de repente não estou a ver assim nada...
    Ah, o pacote! Com o pacote fica tudo pago.
    Xi! que alívio. Já podiam ter dito isso antes, homens! Poupavam-me uma remessa de noites sem dormir...

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  2. Eu hei-de passar o resto da minha vida a remoer-me pelo facto de não ter aproveitado o facto de o Passos Coelho ter passado por mim várias vezes na Mantarrota, neste Verão, para lhe dizer algo como: "Senhor Primeiro-Ministro, posso dar-lhe a minha opinião sobre o que se está a passar? [se os seguranças que não o largavam não me passassem a ferro, eu prosseguiria] Considero que o que os senhores estão a fazer é roubar-nos. Os ladrões, para se fazer justiça, devem ser presos. Mas os senhores, em vez disso, têm a polícia a protegê-los". Ele que dissesse o que quisesse ou ficasse calado, pelo menos eu teria desabafado.

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