setembro 08, 2011

O erro de Gaspar.

A propósito do post sub-apresentado, veio-me às veias o fervilhar dum comentário que segue nas linhas onde em novo post se explana.

Como se diz na minha terra, há argumentos "do caga-cornos"!

"Questionado sobre as razões que o levam a não querer criar uma taxa sobre as maiores fortunas, o primeiro-ministro explicou que isso seria contraproducente numa altura em que Portugal precisa de «atrair capitais»."

Pois... e já não é nada contraproducente criar repulsa a quem trabalha!


A jeito de paráfrase vem-me a propósito do brilhante trabalho de António Damásio- "O erro de Descartes" a citação do erro imperdoável que alguns economistas estabelecem entre "capital" e "meios financeiros", como é o caso da dupla Coelho/Gaspar.
Eles que estão lançados para se desfazer de empresas com larga história na economia do país e que representam um capital próprio, interno, considerável. A inversão em meios financeiros que o P.C. / V.G. pretendem encaixar com a alienação irresponsável destas empresas estruturantes faz lembrar a anedota do cromo que vendeu o carro para comprar uns pneus, ou do outro que vendeu o televisor para comprar um vídeo gravador. Na verdade, a falta de formação nas áreas de história e humanidades deixam a descoberto um défice na área em que se afirmam especialistas. Vítor Gaspar aplica as receitas macro a um país, cujo macro é apenas micro, e onde os conceitos de massa crítica respectivos pertencem a universos incomparáveis.
A alienação de empresas como a TAP, não irá trazer qualquer injecção de dinheiro pelo estímulo e atracção de investidores privados. Na verdade, e sendo o nosso mercado pequeno, o grosso da TAP assim como a EDP etc, é o mercado internacional onde concorre com esses irão adquirir um concorrente a preço de saldo e incorporar as empresas recém adquiridas nas suas, eliminando esse concorrente, podendo repetir-se o caso da Sorefame/Bombardier, de triste memória do período Cavaquista. Por outro lado, a entrada de recursos financeiros, entrada de divisas, por via da operação no estrangeiro irá terminar mal as empresas passem para as mãos de accionistas que não sejam nacionais. Um erro tremendo, de consequeências gravíssimas. Não se pode tratar um pequeno país de 10 milhões pela bitola dum outro de muitas dezenas de milhões. São realidades incomparáveis em todos os aspectos a começar precisamente por um dos é um dos deuses da economia moderna; a expressão numérica do sacrossanto mercado! Isto foi fácil de verificar quando da liberalização do preço do combustível. Em vez de concorrência aberta, um cartel monopolista à vista de toda a gente menos do agente regulador que nunca descobriu qualquer irregularidade no facto de quatro empresas operadoras terem preços coincidentes até à casa da milésima parte do €uro...
Regressando ao tema, e ao medo de taxar os muuuuito ricos: é inegável que estes querem continuar a ser muito ricos e para isso estão dispostos a doar a maior parte das suas fortunas e com isso fazer funcionar o que os mantém muito ricos: o binómio dos fluxos financeiro / capital de que eles, estando no topo da cadeia, beneficiam.
Pode escrever-se preto no branco: a venda dessas empresas, as últimas que nos restam, irão deixar-nos de cuecas numa das mãos e chapéu roto na outra. Figura que Passos Coelho anda já a fazer quando recusa as ofertas de dinheiro dos muito ricos enquanto anda a vender as pratas da casa pelo preço dumas latas de sardinha...

5 comentários:

  1. Cuecas nas mãos? Tu ainda és um optimista!

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  2. E, caros confrades, a propósito do tema, que me dizem do mais recente discurso de Obama? Aderiu ele ao PCP ou ao BE?

    Viva o Trabalho e os trabalhadores. E ele é isenções e incentivos e prémios a tudo quanto esteja disposto a criar um posto de trabalho, que o povo precisa de dinheiro imediato para pagar a conta do gás e tal...

    E tudo isto em plena crise tecnicamente muito idêntica à nossa, onde se consumiu mais do que se produzia - como eles dizem - mas cuja receita, afinal, se situa, nos EUA, nos antípodas dos ditames dos nossos Gaspares, Coelhos, Troikas, Angeles e o Diabo a sete.

    Olha que eu nunca diria que, afinal, o sistema capitalista é, afinal, tão diversificado em países de «grau civilizacional» tão próximo!

    Ou será que Obama prevê que as explosões sociais por lá possam ter um bocadinho mais de impacto do que têm tido, nomeadamente, em Portugal? Ele há as armas espalhadas por meio mundo, a dimensão populacional, a falta de cultura generalizada - ainda bem pior do que a nossa...Tudo aliado ao preconceito enraizado de que os EUA são os melhores do mundo, tropeçando na dura realidade de que, afinal, são iguais.

    A diferença de receitas é um dos mais estimulantes «cases study» dos últimos tempos.

    Olhem para o que eu digo, mas não façam o que eu faço - não era o que faziam os padres da aldeia? Afinal, um conceito muito moderno, que, aliás, a dona Merkel vem praticando alegremente há uma data de tempo.

    Pobres dos pobres...

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  3. Nós vamos pela medicina antiga: aplicam-nos sanguessugas.

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  4. e tiro o meu chapéu à tirada da São Rosas, que em matéria de tira e põe, não há gaja como ela- ;)
    Pois é, Orca. O Obama sabe bem o que nós sabemos com excepção do totó do Gaspar e Coelho, que não nos alegram nada mas divertem à brava os donos do Circo Neo-Liberal.

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  5. Já que tanto insistes :O) faço um post com a tirada (para dar o exemplo).

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