janeiro 22, 2011

Procuro é o bem estar

Já desde os meus tempos de puto estudante de economia que sempre assumi que o objectivo último das pessoas e das organizações deve ser o bem estar. Sempre fui adepto, desde que estudei essa matéria na FEUC, da Economia do Bem Estar.
O lucro deve ser uma forma de obter esse bem estar, não um fim em si. E não são, de forma alguma, antagónicos. Aliás, da obtenção do lucro depende o bem estar de todos os que dependem de uma organização, investidores obviamente incluídos.
Vejamos três exemplos de quem pensa assim, com trechos da revista «Visão» de 23/12/2010:
Muhammad Yunus, Nobel da Paz de 2006, fundador do Banco Grameen, que empresta pequenas quantias (microcrédito) aos mais necessitados - defende o conceito de negócio social, convencendo as empresas a investir na solução de graves problemas humanos, gerando receitas que cubram os custos mas sem daí retirarem dividendos (se houver lucros, deverão reverter para os pobres). Como ele refere numa entrevista: "a psicologia das empresas vai no sentido de correr para o dinheiro. Mas os gestores são pessoas como nós. Só funcionam como uma máquina porque estão dentro dela. A partir do momento em que chegam a casa, falam com a família e são como qualquer pessoa, preocupam-se com a pobreza e os conflitos mundiais. Todos os seres humanos querem contribuir para mudar o mundo, faz parte do nosso ADN. E uma empresa é feita de pessoas."
José Mourinho (sim, sim, "the special one") - numa entrevista diz: "Ganhar não pode ser uma obsessão (...). Perguntam-me, às vezes, se o meu objectivo é ganhar a Champions League pela terceira vez, se é ganhar não sei o quê... Não, nada disso, aquilo que eu procuro mesmo é a felicidade (...) A procura de felicidade devia ser, hoje, fundamental na vida das pessoas.
Reino do Butão, pequeno Estado nos Himalaias com 700 mil habitantes e 47 mil Km2 - não apostam no turismo porque "(...) então, seria necessário transformar também os nossos templos em museus e as nossas festas em espectáculos. Sem contar que precisaríamos de esvaziar as aldeias para conseguir mão-de-obra". Evitam a exploração imprudente de recursos naturais. Usam o conceito de FNB - Felicidade Nacional Bruta, com 72 indicadores que valorizam o bem estar psicológico, ambiente, saúde, educação, cultura, nível de vida, utilização do tempo, actividades sociais e boa governação.

8 comentários:

  1. Eu concordo. É isso mesmo. Beijinhos, Paulinho.

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  2. Sempre fui apologista do turismo discreto. Para mim, uma praia apenas o é se não tiver estrada de alcatrâo até à beira da água, ladeado de candeeiros e quiosques, e muito lixo onde a estreiteza de mentes desemboca na largueza incómoda do mar ; o mar é perigoso.
    Ora o mar não é perigoso, perigosas são as atitudes. E essas refletem bem um índice bem portugues ENB, Estupidez Nacional Bruta. Algarves destruidos e Algarvios admirados porque é que os estrangeiros do "dinhêre" nã aparecem mó? Agora esses preferem a Costa Alentejanam, o ultimo paraíso natural da Europa. Mas deixem lá rapaziada. Em breve a estrada levará a estupidez até à beira de água...

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  3. Absolutamente de acordo.
    O dinheiro, os bens, o conhecimento, tudo funciona se com o fim último do bem estar (a que eu chamo felicidade, que deve ser a correspondente filosófica do bem estar da Economia).
    Bem-estejamos.

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  4. Ainda vamos correr o risco de dizerem que somos uma seita... Mas cá por mim, não me importo. A verdade é que não posso estar mais de acordo com o que ficou escrito.

    Se o trabalho da Humanidade não se dirigir essencial e predominantemente para o bem-estar de (toda) a Humanidade, esse trabalho perde o sentido de ser.

    E no bem-estar cabe a felicidade e o ócio - que abre caminho à arte e à cultura.

    E, então, o trabalho, ele mesmo, se irá transformando em arte, em manifestação artística, onde a criação de mais-valias passará irremediavelmente de primordial a acessória.

    Utopia? Porquê? Porque não temos o golpe de asa de mudarmos as coisas, a começar pelo mais elementar? Então, a Humanidade afundar-se-á por mera cobardia e recusarmos uma oportunidade à Utopia, aos nossos sonhos - aqueles que surgem quando chegamos a casa e deparamos com a realidade mais próximo de nós.

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  5. Não gosto nada de citaçõezinhas (se os meus antigos professores me ouvissem dizer isto, retiravam-me o certificado de habilitações, pela certa), e muito menos daqueles que já foram tão citados que chegaram a ser deturpados, mas não era o Gandhi que dizia que "deves ser a mudança que queres para o mundo"?
    É isso. E, como o OrCa, acredito que utopia é o nome que os acomodados inventaram para aquilo que lhes dá demasiado trabalho a mudar.

    (Seita é giro!!)

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  6. Seita... soa bem. E é como começa a pergunta nos casamentos:
    "A seita..."

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  7. Ai ai....Paulinho
    Çe o Nelito ti ouvi melhér, ele inda ta seita....

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  8. É que nem sequer "vade retro"...

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