abril 06, 2008

Recensão do meu livro «Persuacção»

Rolando Almeida fala sobre o meu livro no seu blog A Filosofia no Ensino Secundário:

"Filosofia aplicada à Gestão
Recentemente descobri um interessante livro que deveria constituir a regra, mas que, curiosamente, é uma excepção. Já aqui referi sobre a importância do pensamento crítico e da sua transversalidade no conjunto dos saberes (ver aqui, aqui, aqui e aqui). O pensamento crítico é transversal pois é ele quem fornece as ferramentas para o raciocínio consequente. No nosso país, o pensamento crítico aparece já nos currículos de alguns cursos superiores, como os de engenharia, mas é ensinado pelos professores de matemática, o que é manifestamente errado.

Rolando Almeida

Para alguém com formação em filosofia é algo chocante saber que os filósofos andam no desemprego, ao passo que o mercado que lhes é próprio é absorvido por outras formações. Uma pessoa com formação em matemática ensinar pensamento crítico é tão aberrante como alguém com formação em filosofia ensinar geografia ou biologia. O pensamento crítico consiste basicamente no conhecimento das regras da lógica informal que são aplicadas ao raciocínio em geral. Paulo Proença de Moura, o autor deste Persuacção, O que não se aprende nos cursos de gestão (Edições Sílabo, 2005) apercebeu-se das potencialidades do pensamento crítico e da filosofia para o ramo da gestão. A tomada de decisões do gestor é mais segura se o mesmo possuir uma formação sólida no raciocínio e, acima de tudo, souber pensar com consequência. O autor ficou admirado quando percebeu que o pensamento crítico praticamente não se ensina nos cursos de gestão em Portugal e resolveu publicar este livro que é também o resultado da sua tese de mestrado. Todo o capítulo 2 , que leva o título, «A filosofia e argumentação na gestão» é um pequeno tratado de filosofia e de lógica formal e informal. O livro é útil, sobretudo, para nos revelar as potencialidades da filosofia e a sua aplicabilidade prática numa área tão pouco dada a especulações como a da gestão. No início deste texto mencionei que este género de livros deveria constituir a regra, isto se a filosofia que se tem praticado em Portugal acordar para a realidade e deixar de ser uma formação só ao alcance dos ricos e do carreirismo. Na verdade, estas obras abundam no mercado anglo saxão e com resultados evidentes, enquanto nós por cá vamos alimentando a ideia que a filosofia é só investigação pura e dura completamente avessa à divulgação pública. É pena! Dei-me conta deste livro tardiamente (a edição é de 2005), mas não podia deixar passar em branco esta assinalável coragem do autor."

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