dezembro 24, 2007

A sombra do Pai Natal - Raim | Um cabaz de luxo - por Pedro Laranjeira


A sombra do Pai Natal - Raim

"Nenhuma das grandes festas das tradições mundiais, como a noite das bruxas na américa ou ano novo chinês, consegue subverter tão profundamente os mais nobres princípios da humanidade como o Natal do ocidente.
Os festejantes parecem esquecer aquilo que eram supostos festejar: o nascimento de um Cristo pobre, humilde, pacífico, humano.
A comemoração do Natal na data romana da chegada do Inverno existe há dezasseis séculos. Tradições várias se lhe juntaram, como a figura do Pai Natal, inspirada no bispo turco Nicolau (os ingleses chamam-lhe Santa Claus), ou a simbologia do presépio, introduzida por S. Francisco de Assis no século XIII.
Já Vasco da Gama tinha chegado à Índia quando a Árvore de Natal foi inventada por Martinho Lutero, com velas a lembrar estrelas e algodão a imitar neve.
Hoje, tudo mudou. A árvore mantém-se, o presépio já só existe nos círculos religiosos, mas o Pai Natal multiplica-se por milhares de figuras que são mais promotores de vendas que símbolos de festa.
Talvez tudo tenha começado com a campanha publicitária da Coca-Cola que em 1881 deu às roupas castanhas do velhinho o seu vermelho actual.
Agora, o Natal já não é dos pobres, nem dos cristãos, nem dos humildes. É da sociedade de negócios, do consumismo desenfreado, do lucro a qualquer preço.
Somos inundados por campanhas publicitárias, apontadas a um “target” fácil, que cativa todos: as crianças.
A cada novo Natal aumenta a exploração fácil a troco do dinheiro abundante: este ano temos até bonecas que a criança pode maquilhar... e usar os cosméticos nela própria! – com poucos anos de idade! Parabéns!
O grande “boom”, porém, são os brinquedos das novas tecnologias, virados para lutas, combates, uso de armas, violência gratuita.
Um cabaz de lixo!
Estamos distraídos, ou somos já mutantes de nós próprios?..."
Pedro Laranjeira
Director Editorial
Artigo publicado na revista «Perspectiva» do passado sábado, em que saíu também a minha sétima «carta de trás da serra». Leram?

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